Reunidas as condições para dar «o pontapé de saída»
«Vemos que é muito importante definir objetivos e projetos que ajudem, de alguma forma, a minorar tudo isto, que pode também acontecer no concelho de Fornos de Algodres!», reconheceu o presidente da Câmara Municipal (CM), António Manuel Pires Fonseca, na manhã de 13 de setembro de 2018, referindo-se, sobretudo, ao consumo abusivo de álcool e de outras substâncias, a que se associam comportamentos violentos nos espaços noturnos de recreação.
Ao acolher a equipa coordenadora do projeto «Noite Saudável das Cidades do Centro de Portugal» (NSCCP), dando azo à terceira sessão de apresentação do respetivo roteiro informativo e de sensibilização local (que envolve 21 municípios), o autarca Manuel Fonseca disse que os problemas estão identificados e que «muita gente ligada ao ensino e às IPSS [instituições particulares de solidariedade social] também fala e está com os jovens, tendo a noção de algumas realidades que são comuns às grandes cidades e à própria noite de Fornos de Algodres».
«Entre os bares das várias freguesias do concelho, há um que salta à vista e que – como pode confirmar o senhor representante da Guarda Nacional Republicana [GNR] – tem a ver, efetivamente, com o consumo de álcool», particularizou o presidente da CM, sublinhando a importância das campanhas pedagógicas que têm sido desenvolvidas nas comunidades locais e o «papel ativo da GNR, nesta área, no sentido de fazer alguma prevenção e de intervir com medidas corretivas». «A GNR, se calhar, tem dados que eu não tenho!», aventou o economista Manuel Fonseca, atento às necessidades da comunidade fornense e aberto às «sugestões acerca dos caminhos que o […] concelho deve trilhar em conjunto», como sustenta na página eletrónica municipal.
«Essa situação do consumo de álcool é uma realidade que conhecemos bem, na vila e nas outras freguesias de Fornos de Algodres!», reiterou o autarca, reportando-se às mais diversas situações relacionadas com os espaços públicos e aos comportamentos noturnos que suscitam mais preocupação. Assim, Manuel Fonseca, tendo em conta os objetivos do projeto NSCCP – os quais, no seu entender, «se enquadram praticamente em todos os concelhos» –, e sabendo da disponibilidade de «uma série de pessoas ligadas a várias áreas», considera que estão reunidas as condições para ser concretizado «o pontapé de saída».
«Os problemas estão identificados»
«Já começámos a construir alguma coisa e os problemas estão identificados. Falta, agora, arranjarmos uma forma de minimizarmos esses problemas», manifestou o presidente da CM de Fornos de Algodres, na expectativa de uma parceria reforçada com as diferentes entidades públicas e privadas, a exemplo do agrupamento escolar concelhio, das forças de segurança e do Centro de Saúde, constituído pela Unidade de Cuidados Personalizados (UCSP), que, a nível dos cuidados de saúde primários (CSP), «está vocacionado para a prestação de cuidados de proximidade na vertente da prevenção», além do tratamento e da reabilitação dos utentes na sua esfera de influência. No âmbito dos CSP, há um gabinete de apoio aos alunos, os quais podem obter informações e orientações de um profissional de saúde devidamente capacitado.
Como salientou o psiquiatra João Redondo, enquanto um dos coordenadores do NSCCP, «é importante estudar quais são os fatores protetores e promotores que levam a que, no mínimo, as crianças e os jovens gostem de ir à escola», num concelho onde a taxa de abandono escolar é nula e onde as bandas filarmónicas e as associações recreativas e desportivas se empenham no acompanhamento dos mais novos, na aprendizagem musical e em diversos aspetos da sua formação pessoal e cívica.
Todavia, o presidente da edilidade fornense admite que «a atividade cultural ainda é muito insípida». Daí a disponibilidade do Município de Fornos de Algodres para «capacitar as pessoas». «Nós queremos envolver os pais, mas encontramos muitas resistências!», acrescentou um responsável educativo presente nesta sessão do projeto NSCCP, argumentando: «Ao apostarmos na educação dos jovens, percebemos que eles vão, por seu lado, educar os próprios pais e avós, que estão nas aldeias.»
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